O IABsp, organizador da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, lançou em novembro de 2020, um Concurso de Co-Curadoria da 13ª edição da Bienal, prevista para o ano de 2022. As propostas, que podem ser enviadas pelo site até o dia 24 de janeiro de 2021, serão avaliadas por um júri composto por diferentes áreas do conhecimento, majoritariamente feminino e brasileiro.
A 13ª Bienal traz como provocação central inicial a RECONSTRUÇÃO, partindo da ideia de reedificar, refundir e renovar as relações dos grupos sociais com seus espaços domésticos, dos cidadãos com os espaços públicos e das tramas pessoais e profissionais, que ocorrem nos espaços de confinamento e nos de usos coletivos, durante e depois da pandemia. O Concurso propõe ainda que essa reflexão envolva um ou mais eixos norteadores: democracia, corpos, memória, informação e tecnologia.
Tendo em vista a abrangência da discussão, o IABsp tem buscado a democratização do evento em diversas frentes, desde a consulta pública do edital, passando pelas chamadas abertas para a co-curadoria e projetos, até a busca de representatividade de raça, gênero, região, idade e área de atuação, nas equipes que deverão se inscrever e no próprio júri do Concurso.
O júri conta com dez integrantes, sendo três representantes do IABsp (da atual e de gestões anteriores), cinco convidados nacionais e duas convidadas internacionais. E além dos critérios de representatividade, foram considerados profissionais que, em sua área de atuação, contemplem conteúdos caros ao IABsp e alinhados às discussões que são propostas pela 13ª Bienal, como a valorização enfática da democracia e a importância da arquitetura e urbanismo para esta dimensão, a centralidade de questões de gênero e seus reflexos nos ambientes construídos, a centralidade de questões raciais e processos de decolonização nos ambientes construídos, a centralidade de questões da produção do espaço, direito à cidade, disputas mercantis e lógicas particulares de propriedade do espaço sobre interesses coletivos e direitos difusos, a centralidade da promoção do desenvolvimento econômico sustentável, mudanças climáticas e cadeias produtivas da arquitetura e urbanismo, a centralidade da democratização e acesso à informação de qualidade, plataformas digitais de produção de conteúdo, softwares livres, dados abertos, copyleft e suas intersecções com a cultura arquitetônica e urbanística.
Júri
Sabrina Fontenele - Representante do IABsp
Curadora Residente da 13ª Bienal e Diretora de Cultura do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo (2020-2022). Arquiteta e urbanista, com mestrado e doutorado pela FAUUSP, finalizou em 2019 o pós-doutorado na Unicamp quando redigiu um livro que trata de habitação, gênero e modernidade. Autora dos livros “Edifícios modernos e o traçado urbano no Centro de São Paulo” (2015) e “Restauro da Faculdade de Medicina da USP: estudos, projetos e resultados” (2013). Foi pesquisadora do Centro de Preservação Cultural da USP (2012-2018), onde atuou ainda como editora científica da Revista CPC e como curadora da exposição Tempo das Construções (2013-2014). Colabora desde 2018 como professora na Escola da Cidade onde é Coordenadora de Pesquisa, desde 2020.
Gabriela de Matos - Representante do IABsp
Primeira vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil no departamento de São Paulo (IABsp). Arquiteta e Urbanista, graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, em 2010. Em 2016, especializou-se em Sustentabilidade e Gestão do Ambiente Construído pela UFMG. Mestranda do Diversitas - Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. É fundadora do projeto Arquitetas Negras que atualmente mapeia a produção de arquitetas negras brasileiras. Pesquisa o racismo estrutural e suas influências no planejamento urbano, e arquitetura contemporânea produzida em África e sua diáspora. Entre outros, propõe ações que promovem o debate de gênero e raça na Arquitetura como forma de dar visibilidade à questão. Assina o editorial da Revista Arquitetas Negras vol.1, a primeira publicação feita por arquitetas negras no Brasil. Premiada como Arquiteta do Ano 2020 pelo IAB RJ.
Helena Ayoub Silva - Representante do IABsp
É arquiteta e urbanista formada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), mestre e doutora em arquitetura e urbanismo pela mesma instituição, onde é professora do Departamento de Projeto desde 1989, lecionando para graduação e pós-graduação. É sócia gerente e responsável técnico no escritório Helena Ayoub Silva & Arquitetos Associados EPP e tem atuado em diferentes áreas, sobretudo em projetos para edifícios públicos e educacionais, assim como em iniciativas de restauro e preservação do patrimônio histórico nacional. Participou da gestão do IABsp nas décadas de 1980 e 1990 e é conselheira federal do CAU-SP nas gestões 2018-2020 e 2021-2023.
Naine Terena - Mato Grosso
Natural de Cuiabá, Mato Grosso, é indígena da etnia Terena e ativista. Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), docente da União das Faculdades Católicas de Mato Grosso, mestre em artes pela UnB e doutora em Educação pela PUC-SP. Integra atualmente a Rede Multimundos de pesquisas da UFMT, onde coordena o projeto de pesquisa 'Lab Gentes' com enfoque em arte, educação, movimentos sociais e tecnologias. É uma das organizadoras do livro Povos Indígenas no Brasil: Perspectivas no fortalecimento de lutas e combate ao preconceito por meio do audiovisual, e do o Dossiê: "EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO SÉCULO XXI: Desafios, especificidades e perspectivas". Abatirá - Revista de Ciências Humanas e Linguagens (dez/2019) (UNEB). É curadora independente e assina algumas produções jornalísticas para projetos/veículos de comunicação ambientais e culturais.
João Fernandes - Portugal / São Paulo
Nascido em 1964 em Bragança, Portugal, fez sua trajetória acadêmica na Universidade do Porto, onde licenciou-se em línguas e literaturas modernas. Na mesma cidade, iniciou-se no meio artístico. Foi subdiretor do Museu Reina Sofía, de Madri, e curador (entre 1996 e 2002) e diretor (de 2003 a 2012) do Museu de Serralves, na cidade do Porto. Nas programações que desenvolveu para instituições que dirigiu ou ajudou a comandar, procurou cruzar artes visuais com artes performáticas e o cinema. Atualmente, é membro do Comitê Científico do Museu de Arte Contemporânea de Trento e Rovereto – Mart (Itália) e Diretor Artístico do Instituto Moreira Salles.
Maria Estela Rocha Ramos Penha - Espírito Santo
Possui Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Espírito Santo, Mestrado e Doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia [PP-GAU FAU-UFBA], respectivamente, e pós-graduanda em Tecnologias Ambientais. Dispõe de experiência profissional na área de projetos de arquitetura de pequeno e médio porte, projetos comunitários com técnicas construtivas tradicionais, tecnologias sociais e assistência técnica em autoconstrução. É pesquisadora na temática de patrimônios culturais, espacialidades e arquitetura em comunidades negras em áreas rurais e urbanas, com ênfase na formação de bairros negros. Atua como arquiteta, designer de interiores e professora nos cursos de Arquitetura e Urbanismo na Unime-Lauro de Freitas, sendo membro do NDE e do colegiado de curso, orientadora de iniciação científica e trabalho final de graduação. É coordenadora do Escritório Modelo de Arquitetura e Interesse Social [EMAIS].
Riva Feitoza - Sergipe
É técnica de edificações e em segurança do trabalho, pelo IFS. Técnica em design de interiores pela Universidade Tiradentes e é graduada em arquitetura e urbanismo pela mesma instituição. Perita em Laudos de Engenharia, pelo Instituto Brasileiro de Educação Continuada (INBEC) e atua como design e com arquitetura social há 16 anos. Idealizadora e Coordenadora do projeto Arquitetura para o Povo, idealizadora do CANES- Coletivo de Arquitetes Negres de Sergipe e membro -conselheiro do IAB-SE. membro do GETEQ -UFS - Grupo de Pesquisa e Estudos, sobre questões e Movimentos Sociais, Pós-graduanda em Gerenciamento da Construção Civil com enfoque na metodologia BIM. Com seu trabalho já alcançou vários bairros do município de Aracaju, do município de São Cristóvão e do município de Nossa Senhora do Socorro. Atualmente, coordena o Escritório RIVA FEITOZA- ARQUITETURA POPULAR e é pós-graduanda em gerenciamento da construção civil com enfoque da metodologia BIM - ESB-FACULDADE E PÓS GRADUAÇÃO EaD.
Pedro Rivera - Rio de Janeiro
Arquiteto e urbanista, graduou-se em 1997 na FAU UFRJ e tem mestrado em urbanismo no PROURB UFRJ. Atualmente é professor visitante na GSAPP Columbia University e, de 2011 a 2018, foi diretor do Studio-X Rio, iniciativa da mesma instituição. Sócio dos escritórios Estúdio Pedro Rivera e Rua Arquitetos. Participou de exposições no MoMA (NY, 2014), MAK (Viena, 2015), Carnegie Museum of Arts (Pittsburgh, 2016), Het Nieuwe Instituut (Rotterdam, 2017) e MAM São Paulo (2017); além das bienais de arquitetura de Hong Kong-Shenzhen (2013), Chicago (2015), Veneza (2016) e São Paulo (2017). Entre seus projetos estão a Sede do Campo Olímpico de Golfe Rio 2016, a galeria de arte Carpintaria, e a sede da Bienal de Hong-Kong / Shenzen, este uma colaboração internacional.
Sepake Angiama - Reino Unido
Diretora artística do Institute for International Visual Art (iniva) em Londres - curadora e educadora, cuja práxis está na estrutura discursiva e social, a fim de reescrever coletivamente nossa compreensão do mundo. Trabalha com artistas que perturbam ou provocam aspectos da esfera social por meio da ação, de formas radicais de pedagogia e arquitetura. Enquanto Chefe de Educação na documenta 14, ela iniciou o projeto Under the Mango Tree - uma reunião auto-organizada de práticas de desaprendizagem. A segunda edição em 2020 (Kala Bhavana, Visva Bharati, Santineketan) reuniu espaços liderados por artistas, bibliotecas e escolas interessadas em desdobrar discursos em torno da decolonização de práticas educacionais que desestabilizam o cânone europeu, por meio do exame de epistemologias alternativas, noções de desaprendizagem e conhecimento indígena. A próxima edição acontecerá em Porto Rico em 2022 com foco em epistemologias indígenas, práticas xamânicas e artesanato sustentado por meio de uma conversa com Escuela de Oficios - Jorge González, Rocio Tejada e Taylor Cruz. Sua prática é baseada em um processo de integração de estratégias pedagógicas e decoloniais, abordando interesses desde a restauração do solo, construção de comunidade, educação autodidata, conhecimento indígena, artesanato, ativismo e atuação. A sua prática continuada de ensino com o artista Byron Kalomamas - Módulo de Infraestruturas Temporárias - explora os mecanismos e estruturas de apoio das instituições de educação artística. Anteriormente, ela foi Chefe de Educação da Manifesta 10, hospedada pelo Museu Hermitage, em São Petersburgo. Sua pesquisa, Her Imaginary, aborda como pensar através da ficção científica, feminismo e formas sociais de arquitetura como uma forma de aproveitar as ferramentas perfeitas para a pedagogia despertar novas formas de imaginação política e social.
Janet Sanz - Espanha
É bacharel em Direito e em Ciência Política e Administração, pela Universidade Pompeu Fabra. Foi Conselheira do Grupo Municipal ICV-EUiA, na Prefeitura de Barcelona e atualmente é Secretária de Ecologia, Urbanismo, Mobilidade e Infraestrutura de Barcelona, onde liderou projetos emblemáticos como o Programa de Superblocos. Defendeu também a implementação de eixos verdes, o aumento de ciclovias, e no âmbito habitacional, colocou como uma das políticas centrais que 30% das unidades fossem alocadas para moradias populares em empreendimentos privados e a redução do impacto do turismo através da moratória do hotel (PEUAT), em áreas altamente saturadas e o controle de apartamentos turísticos ilegais.
Para mais informações, acesse o site da 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.